A polêmica das exonerações de cargos indicados na Câmara de Vitória pelo vereador Roberto Martins (PTB), por sua postura crítica em relação à Câmara e à prefeitura, chama atenção para o trabalho do vereador na área de educação, que tem causado dor de cabeça para a municipalidade. Assim como o deputado Sérgio Majeski (PSDB) tem feito em nível estadual, Martins também tem visitado as unidades de ensino da prefeitura, fazendo diagnósticos e cobrando providências.
No primeiro semestre do ano, foram 18 escolas visitadas e, além dos problemas de infraestrutura e serviço oferecido aos alunos, o vereador tem encontrado um ponto comum: a insatisfação dos professores. O motivo é a ausência de reajuste salarial inflacionário desde 2014 e descumprimento do Plano de Carreira; ticket alimentação de R$ 200,00; e falta de condições materiais e humanas para o cumprimento da nova exigência de ampliação de turno.
A precariedade na estrutura física das escolas, segundo o vereador, é alarmante. “Encontramos problemas estruturais representando riscos à saúde, ao bem-estar e à segurança dos alunos. A ampla divulgação da instalação do Wi-fi na cidade de Vitória não contempla as Escolas Municipais, e os professores precisam trabalhar em casa, após o horário, para utilizarem a própria internet”, afirmou o vereador.
Foram quase três visitas e fiscalizações por mês, nas Escolas de Ensino Fundamental e nos Centros de Educação Infantil de Vitória. De tanto cobrar, o vereador e as comunidades conseguiram duas vitórias. A primeira no Morro São Benedito, para proteger os alunos do risco iminente de desabamento de uma pedra, condenada pela Defesa Civil. A Prefeitura remanejou os cerca de 240 alunos para o Centro Educativo Santa Rita, localizado no mesmo bairro, até que seja concluída a obra de contenção.
Outra vitória foi em relação à escola Irmã Jacinta S.S. Lima, no Morro do Romão. A unidade foi desativada em 2013, para uma reforma, e os alunos transferidos para uma escola em outro bairro. Abandonada, sofreu toda forma de depredação. A prefeitura disponibilizou apenas um ônibus para as crianças do 1° e 2° anos. As outras, do 3° e 4° anos, seguiam a pé, tendo que atravessar a Avenida Vitória até a outra escola. A Justiça concedeu liminar obrigando o município a ampliar o transporte, mas os moradores ainda cobram a escola de volta.
O vereador vem cobrando ações da prefeitura em outras escolas, como a Cemei Dr. Pedro Feu Rosa, no Bonfim. O pátio de recreação apresenta dois pontos de perigo às crianças, incluindo alguns equipamentos ultrapassados, e a quadra principal também está com o telhado furado e o piso danificado.
Na EMEF Eber Louzada Zippinotti, em Jardim da Penha, a rampa de acesso é muito íngreme, o que dificulta a acessibilidade. Além disso, a equipe de servidores queixou-se da inexistência de Wi-fi na escola, o que obriga os professores a preencher a pauta digital em casa, depois do horário de trabalho. Na escola existem apenas três computadores à disposição de uma equipe de mais de 50 professores.
Outra demanda é na EMEF São Vicente de Paulo, improvisada no Largo do Carmo, com inacessibilidade para cadeirantes, devido às escadarias. A escola apresenta muitos problemas estruturais, infiltrações nas paredes, setores interditados por conta do risco de desabamento do teto, quadros negros deteriorados e carteiras de madeira desconfortáveis.
Em São Pedro, os alunos da EMEF Lenir Borlot fazem rodízios por causa das salas com problemas de vazamento nos telhados. É a chuva que determina o calendário escolar. Já na EMEF Otto Ewald Júnior, em Itararé, os problemas vão desde a ventilação das salas a uma quadra com o teto esburacado.
Fonte: SÉCULO DIÁRIO