Francisco Dutra
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Alvejado no coração pela operação Panatenaico, o PMDB está a deriva e bate cabeça no tabuleiro político do Distrito Federal. Exemplo disso é o episódio com o deputado federal Laerte Bessa (PR). O parlamentar teria sido cortejado pelo presidente Michel Temer (PMDB). Além da filiação, seria plano B na formação de uma chapa para o Palácio do Buriti. No entanto, o movimento pegou membros do diretório regional no contrapé, gerando desgastes internos.
O PMDB articulava intensamente para lançar o ex-vice-governador e presidente regional Tadeu Filippelli como candidato ao GDF em 2018. Amigo pessoal de Temer, o cacique brasiliense costurava, e costura, uma grande aliança conservadora e com apoio de sindicatos. No entanto, os planos foram torpedeados quando Filippelli foi acusado pela Panatenaico.
“Em 2005, Temer e o governador Joaquim Roriz me trouxeram para a política. Na terça-feira (13 de junho), o presidente Temer me chamou para uma conversa. Ele me chamou para o PMDB. Eu disse que estava muito bem no PR, mas que iria pensar sobre o assunto. O Temer me perguntou se não poderia ser um possível substituto do Filippelli para o GDF. Eu seria o plano B. Ele salientou que continuava muito amigo do Filippelli e que ainda acreditava na candidatura dele como plano A”, conta Bessa.
O movimento do Planalto criou uma indisposição no diretório regional. “Prefiro acreditar que o Bessa esteja querendo se cacifar. Se for mesmo isso, sem consulta ao presidente Fillippelli, empurrando goela abaixo é uma falta de respeito. A não ser que nossa presença seja de araque”, critica o deputado distrital Wellington Luiz (PMDB). Segundo o parlamentar, Filippelli ainda é nome do partido para o GDF. Para Wellington, o momento político exige prudência em cada movimento.
Sobrevivência definirá os rumos da mudança
A capacidade de sobrevivência de Temer às denúncias do empresário Joesley Batista será o fiel da balança para a filiação de Bessa. “Eu acredito na inocência do presidente. Se ele ficar no governo até 2018, existe 70% de possibilidade de que eu vá para o PMDB”, afirma o deputado.
Na análise do cientista político da Universidade de Brasília (UnB) João Paulo Peixoto, a filiação de Bessa tem fôlego para fortalecer o PMDB. Bessa tem potencial para atrair apoio do grupo político do clã Roriz.
O parlamentar também possui um nome tradicional na política local, construído em uma plataforma conservadora. E o discurso de combate à violência ganha cada vez mais eco entre os eleitores.
Sobre o futuro político de Filippelli, Peixoto identifica um cenário nebuloso. “A denúncia é grave e, principalmente, ele foi preso. Esse tipo de imagem desgasta muito o político. Não sei qual vai ser o desdobramento das investigações, mas pode ser que elas já tenham inviabilizado a candidatura dele”, comenta o especialista.
Na política regional e nacional, graves denúncias não sepultam de imediato personagens. A força dos grupos políticos por trás deles é fator determinante para a sobrevivência. E no DF, o PMDB é uma das siglas mais bem posicionadas, dentro e fora da máquina pública.
Saiba mais
Conduzida pelo Ministério Público Federal e a Polícia Federal, a Operação Panatenaico investiga suposto esquema de corrupção na reforma do Estádio Nacional Mané Garrincha. Segundo os investigadores, o ex-vice-governador e presidente regional do PMDB Tadeu Filippellli teria envolvimento direto nos crimes.
A defesa de Filippelli nega qualquer que ele tenha cometido qualquer ato ilícito no projeto de reconstrução da arena.
A acusação fortaleceu candidatos da mesma vertente ao GDF, como Izalci Lucas (PSDB), Jofran Frejat (PR), Alírio Neto (PTB) e Alberto Fraga (DEM).
Indiretamente outros campos também foram beneficiados politicamente, a exemplos do projeto de reeleição do governador Rollemberg (PSB) e do projeto de chapa do PPS.
FONTE (JORNAL DE BRASILIA)