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Sobre o impasse que nos impede a retomada

Edson Brum é deputado estadual (PMDB-RS) e presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul

A cada duas ou três décadas, o Brasil passa por uma grave crise política da qual termina por se reerguer mais robusto do que antes. Creio que não será diferente desta vez. Não é questão de otimismo; ao contrário, é o caso de observar a História com o necessário distanciamento crítico. Afinal, vem sendo assim desde o início da nossa relativamente jovem República. Como resultado, o país, seus cidadãos e suas instituições amadurecem. Uma coisa, no entanto, é clara: quanto mais grave a crise, mais urgência se deve ter para a retomada da normalidade e do crescimento.

Neste momento, sente-se na população o desejo justo e espontâneo pela probidade. Um clamor que levou a Câmara dos Deputados ao caminho do pedido de impeachment da presidente da República. Neste caso, não é somente uma crise política, mas de um momento de extrema gravidade. Mesmo que legítimo o processo pelo qual se reivindica o impedimento, é necessário que exacerbemos o exercício da cautela para que não seja ferido, mesmo que superficialmente, o regime democrático que, em outros tempos, custou a vida de muitos brasileiros. Não confundamos, assim, o atual processo com qualquer tipo de terceiro turno eleitoral. Está em jogo muito mais que uma disputa de poder.

O momento que vivemos tem de ser encarado sem dicotomia, sem maniqueísmo. Devemos evitar qualquer tipo de caça às bruxas, de crucificações, lembrando sempre que a presidente da República foi assim intitulada por vontade da maioria da população. No entanto, uma vez que as coisas tenham chegado nesta zona limítrofe das medidas extremas, é preciso agir. E agir rápido. Porque quem realmente precisa do Estado tem pressa.

Do seu início até os atuais episódios, a crise política fez com que se desenvolvesse com ela, numa outra instância, uma crise econômica de dimensões assustadoras. Velhos fantasmas como a inflação, o desemprego e a rápida queda do poder aquisitivo dos brasileiros voltam à cena enquanto investidores nacionais e estrangeiros suspendem suas ações, fazendo com que se apertem ainda mais os cintos dos assalariados. É uma terrível roda-viva cujo ciclo precisa, urgentemente, ser interrompido.

Não resta dúvida, é preciso decidir. Façamos valer nossa vontade. Exijamos de nossos representantes políticos no Congresso Nacional um desfecho responsável e célere que desemperre as engrenagens do desenvolvimento social e econômico que havíamos iniciado. Estou certo de um fato: os brasileiros não se contentarão em voltar chamar de pátria aquele antigo país do futuro.

 Fonte: site UNALE

 

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