No painel “A Importância da Inteligência Comportamental para as Demandas do Século XXI”, o consultor e autor Orlando Pavani Júnior convidou os parlamentares a refletirem sobre uma nova dimensão da liderança pública: o autoconhecimento como ferramenta de transformação. Com mais de 35 anos de atuação em consultoria organizacional, Pavani compartilhou aprendizados da neurociência, da tanatologia e da psicologia aplicada à gestão. “Você não muda o fazer sem mudar o ser. O processo começa por dentro, e isso exige coragem, consciência e compromisso com o crescimento”, afirmou.
O painel trouxe à tona o conceito de motivação 3.0, uma proposta que rompe com o modelo tradicional baseado em recompensas ou punições. Segundo Pavani, a automotivação verdadeira nasce de motivos internos que não se resumem a ganhos ou fugas. “A pergunta essencial não é o que te motiva, mas quais são os seus motivos? O mundo precisa de líderes que saibam responder isso com clareza”, destacou. Ele explicou que nosso modelo mental se forma até os sete anos de idade e que boa parte das nossas escolhas está condicionada por estruturas neurológicas pré-definidas — ou seja, não são escolhas conscientes, mas reflexos.
Outro ponto de destaque foi a curva da mudança, que mostra como a resistência inicial pode dar lugar ao crescimento quando há enfrentamento e não fuga. “Hoje, lutamos por exceção e fugimos por padrão. A felicidade virou uma forma de fugir do que é difícil. Mas o cérebro humano foi feito para crescer ou nos proteger — cabe a nós escolher qual caminho queremos seguir”, disse, ao apresentar a chamada Lei da Coragem, que defende que a zona da mediocridade é, na verdade, o lugar onde se cresce. Ele também diferenciou limite de limitação, reforçando que reconhecer vulnerabilidades é parte essencial da inteligência emocional.
Encerrando com um dos conceitos mais fortes de sua apresentação, Pavani afirmou que o verdadeiro desafio do século XXI não é buscar o prazer momentâneo, mas sim desenvolver a capacidade de ser pleno. “Mais do que buscar ser feliz, precisamos buscar a plenitude — aquele estado em que não é preciso nada além de estar em paz consigo mesmo, com os outros e com a realidade que se apresenta. Isso é inteligência emocional aplicada à vida pública”, concluiu. Para os legisladores presentes, ficou claro que liderar bem começa por liderar a si mesmo.
Por Christiane Disconsi