No encerramento do segundo dia da XXIV Marcha dos Legislativos Municipais, a especialista em proteção infantojuvenil Aline Ganasini emocionou o público ao conduzir o painel “Vereadores pela Infância e Adolescência – O Poder Local que Transforma”. Com mais de 10 anos de atuação na área e passagem como conselheira tutelar, Aline chamou a atenção para a urgência da pauta: “Neste exato momento, enquanto estamos aqui reunidos, um abusador pode estar escolhendo sua próxima vítima. E isso pode estar acontecendo bem perto de nós — no prédio onde moramos, na escola dos nossos filhos”. Segundo dados apresentados, a cada 8 minutos, uma criança é vítima de estupro no Brasil.
Aline apresentou casos concretos de cidades que decidiram agir — como Fortaleza, São Paulo e Curitiba — e obtiveram resultados expressivos ao integrar escola, saúde, conselhos tutelares, prefeitura e, sobretudo, vereadores comprometidos com políticas públicas efetivas. Ela defendeu a criação de comitês municipais de proteção, programas de práticas restaurativas nas escolas, rodas terapêuticas e oficinas com técnicas de PNL (Programação Neurolinguística) e autocura. “Não queremos escolas que silenciem vítimas. Queremos escolas que as empoderem”, afirmou, citando o projeto “Meu Corpinho é Só MEU”, lançado durante sua atuação no Conselho Tutelar de Encantado/RS.
Ao final, a palestrante convocou os parlamentares a assumirem seu papel de ponte entre a sociedade e o sistema de proteção. “A infância não pode esperar. Quando um vereador propõe uma lei, fiscaliza um serviço ou destina recursos para ações integradas, ele está salvando vidas”, declarou. E reforçou: “Agora que você sabe desses dados, o que vai fazer nos próximos 8 minutos?”. A pergunta ecoou no auditório como um chamado à ação. Porque, como ela disse, o perigo não está nas sombras — ele está nas rodas de amigos, no churrasco de domingo, e precisa ser enfrentado com coragem e política pública.
Por Christiane Disconsi
