Evento contou com a participação de 60 estudantes com múltiplas deficiências
Em comemoração ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado em 21 de setembro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recebeu nesta quarta-feira (21) 60 alunos do Centro de Educação de Jovens e Adultos da Asa Sul (Cesas) que apresentam múltiplas deficiências. Eles conheceram o Museu do Voto, fizeram uma simulação de voto na urna eletrônica e também conheceram o equipamento por dentro.
O secretário-geral da Presidência do TSE, José Levi, recebeu os estudantes em nome do presidente do Tribunal, ministro Alexandre de Moraes, e explicou que a história da Justiça Eleitoral é marcada por atos de inclusão. Como exemplo, ele citou o Código Eleitoral de 1932, que concedeu às mulheres o direito de votar.
José Levi destacou que a urna eletrônica é inclusiva, pois tem recursos como teclas em braile e, nas eleições deste ano, traz a novidade da Língua Brasileira de Sinais (Libras). “A importância do evento se resume em uma palavra-chave: inclusão, sem nenhuma discriminação, como é próprio da história da democracia. E a urna é um belo exemplo de inclusão”, ressaltou.
A assessora-chefe de Inclusão de Diversidade e coordenadora da Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão (CPAI), Samara Pataxó, e o diretor-geral do TSE, Rui Moreira, agradeceram a presença dos estudantes e responsáveis por eles. Eles enfatizaram os trabalhos realizados pela Justiça Eleitoral na luta pela igualdade e pela inclusão, com destaque para o valor da liberdade de escolha dos candidatos.
A ação foi promovida pela Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão (CPAI/TSE) e pela Assessoria de Inclusão e Diversidade (AID/TSE), com o apoio da Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade (APABB). Os alunos se dividiram em dois turnos para a visitação, e o grupo foi acompanhado por professores e responsáveis. O evento contou com a participação de intérpretes de Libras.
Dois colaboradores do TSE com deficiência e quatro jovens com deficiência intelectual que atuam no Tribunal por meio de um projeto de inclusão firmado com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) também participaram da visita.
A visita foi guiada pelo chefe da Seção de Museu (Semus/Ceble/SGIC), Admilson Júnior. Ele falou sobre a importância das visitas para a inclusão das pessoas com deficiência. “Aqui, a maior parte dos visitantes não conhecia, por exemplo, o mecanismo de corrigir o voto. Então, é necessário trazer a sociedade para dentro do Tribunal, para dar cada vez mais legitimidade para esse grupo”, afirmou.
Na entrada da exposição, os alunos tiraram selfies com uma maquete gigante da urna, conheceram de perto as máquinas de votação feitas ao longo do tempo – desde recipientes de cera que serviam de depósito para as cédulas no Período Colonial – e simularam voto em uma urna ligada para treino.
Aprendendo sobre as eleições
Durante a visita, os estudantes foram conduzidos pelos 12 estandes da mostra e demonstraram curiosidade e interesse em aprender sobre a acessibilidade nas eleições e a história da conquista do voto feminino. “Foi uma honra poder aprender mais sobre as eleições. É muito importante que todos tenham esse conhecimento. Gostei bastante do museu”, disse Victoria de Jesus Lima, 19 anos.
Clécia Alexandra Veras de Macedo, uma das alunas da ABAPP, participou ativamente de toda a programação e tirou todas as dúvidas após ouvir atentamente as explicações na exposição. Rogério de Veras, colaborador do Tribunal e deficiente visual, aproveitou bastante a experiência. “Adorei conhecer mais sobre a urna. Além disso, é muito bom e importante incluir as pessoas com deficiência em todos os lugares”, completou.
Após conhecerem todo o acervo do Museu do Voto e votarem em uma eleição simulada, os estudantes assistiram à abertura de uma urna eletrônica, feita pelo coordenador de Tecnologia Eleitoral do TSE, Rafael Azevedo. Ele explicou a função de cada peça, e os alunos conheceram as ferramentas de acessibilidade do equipamento, como o recurso de fone de ouvido para as pessoas com deficiência auditiva.
Os estudantes também puderam tocar no teclado e na impressora da urna. Francisco de Paulo, que apresenta deficiência mental e visual, leu em braile as marcações nas teclas e se emocionou com a experiência. “Já estou preparado para votar”, afirmou.
Ygor Paulino, técnico de lazer da APABB, compartilhou a alegria em poder levar os alunos para aprender mais sobre a democracia e a Justiça Eleitoral. “Quando pensamos nas eleições, a gente pensa no critério da inclusão, em ver todas as pessoas atendidas. E quando se abre um espaço do TSE para as pessoas conhecerem como a democracia é feita, a gente pode ensiná-los sobre a importância de votar, de conhecer a urna e suas alterações para alcançar um processo eleitoral cada vez mais acessível”, destacou.