O palestrante será o jornalista e especialista no tema Adriano Mazzarino. Com passagem em diversos veículos de comunicação, com atuação direta junto a muitos vereadores, abordará o como o uso da comunicação pode contribuir e muito para o sucesso do mandato e da boa receptividade junto ao cidadão.
Em 2015 Mazzarino concedeu entrevista exclusiva sobre o tema para a redação do site da UVB e passamos a reeditar.
Redação – O Vereador precisa ser um bom comunicador?
Adriano Mazzarino – Não lembro de ter conhecido candidato ou político mudo. Comunicar é a grande ferramenta, que não se limita ao exercício da fala.
Vejo mandatos, governos, políticos e candidaturas com projetos e trabalho que merecem destaque. Mas eles esquecem do principal, a Comunicação. Ou seja, trabalharam e não divulgaram, ou mais profundamente não prepararam uma estratégia de ação. E assim os eleitores e a comunidade pouco viram, ou parcialmente conhecem os trabalhos realizados.
Redação – O mandado político pode ser prejudicado pelo uso inadequado da comunicação?
Adriano Mazzarino – Se o maior crime da política nacional hoje é a corrupção, penso que o crime da Comunicação inadequada está na lista dos outros dez atropelos da gestão pública.
Legislativo e Executivo pecam no uso da ferramenta da Comunicação. Lembram dela na véspera da eleição. No último ano fazem uma overdose de ações e/ou de publicidade. Esquecem de fazê-la estrategicamente ao longo do mandato.
Em paralelo é bom salientar que o cidadão está mais preparando, exigente, bem informado. O político, em sua maioria, ainda não percebeu tal avanço.
Redação – Boas causas defendidas pelo agente político precisam ser melhor memorizadas pela sociedade usando recursos diversos?
Adriano Mazzarino – O que não falta hoje são recursos de Comunicação. Desde o simples folheto ou jornal impresso do mandato, a presença nas rádios comunitárias até a revolução tecnológica das redes sociais que permitem uma maior visibilidade do agente político.
O problema está nas “boas causas”. Vejo vereadores atuando em diversas causas e não conseguem marcar a memória do eleitor. Escolha de uma a três pautas, se identifique, se aprofunde no tema e vá à luta. É necessário lembrar que todo mundo quer defender as causas da saúde e educação e esquecem que a vida de uma cidade e o interesse do cidadão se faz também com outros temas. Na visão eleitoral é necessário dizer aqui que crianças, gatos e cachorros, árvores, por exemplo, também decidem e “votam”.
Redação – Na sua visão, quais são as principais deficiências do parlamentar municipal na sua comunicação pessoal e com a sociedade ?
Adriano Mazzarino – Vou tentar ser prático e talvez útil para o entendimento direto desta nossa conversa. Uma das deficiências que observo é político que fala pouco, ou então fala muito. Outros perdem o foco, pois começam e se deslocam para o infinito.
Recentemente, vi um ministro do governo Dilma, numa cidade da Serra Gaúcha, na abertura da Festa Nacional da Maça, descrevendo a história da implantação da fruta no município. Se estendeu e aprofundou sobre um tema que todos lá já sabiam. Faltou foco. Devia ter usado o tempo para “vender o seu peixe”, ou então se aproximar da comunidade com outro argumento.
Vejo também agentes políticos com deficiência na expressão corporal, onde político calejado esqueceu que o corpo fala e até grita. Um sorriso vale mais que um discurso. Por outro lado, excluída as exceções, político que muito sorri passa a ideia de “vaselina”’.
Outra deficiência é marcar uma inauguração de obra concorrendo com a agenda da comunidade. Na semana passada um prefeito no interior do RS inaugurou uma grande obra na área da saúde. Na mesma hora o bispo da diocese católica reunia os fieis na igreja, concorrendo com a solenidade.
No Vale do Taquari, numa cidade do interior do RS, a Corsan, empresa estatal de saneamento, decidiu fazer obras num bairro. Cortou a água e não avisou ninguém. Os moradores ligaram para a rádio local pedindo informações. O gerente não quis dar entrevista e após muita conversa deu explicações sem entrar no ar. E ainda criticou a emissora nos bastidores.
Percebo também ruídos no vestir. Vi vereador de bermudas em velório. Vi edil em sessão solene de calça jeans muito desbotada, ou sem usar gravata. E também vi candidato que nunca usou gravata na vida querendo usar tal adereço no material de campanha ficando inapropriado e falso perante o eleitor.
Como disse no início desta entrevista Comunicação não é só falar ou falar bem, vai além!
Fonte arquivo UVB 05/05/2015
Na Marcha dos Vereadores, Mazzarino pretende abortar tais diversidades de enfoques com muitas fotos, vídeos e áudios do cotidiano do legislativo brasileiro objetivando nos exemplos alertar nossos vereadores para uma melhor ação perante as comunidades que atuam.