As eleições de municipais de 2020 começaram a tomar corpo nesta semana. O prazo final para que os partidos escolham seus candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador acabou nessa quarta-feira (16). A organização partidária nas capitais do país pode ser um indicativo de como as legendas vão atuar na eleição presidencial de 2022.
Pré-candidatos a presidente, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) costuraram alianças regionais, em algumas das principais cidades do país, de olho no palanque de 2022. Em comum entre eles, a tentativa de atrair o DEM, dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Já outros atores políticos como o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro agem com mais cautela e têm evitado participar ativamente das disputas municipais, ainda que atuem nos bastidores.
Bolsonaro se manifestou nas redes sociais que não vai apoiar nenhum candidato durante o primeiro turno das eleições municípios. No entanto, o seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), tem demonstrado apoio ao atual prefeito e candidato à reeleição Marcelo Crivella (Republicanos). Também filiado ao Republicanos, Celso Russomano tenta ser o candidato do Planalto à prefeitura de São Paulo.
Lula tem se aliado ao governador Flávio Dino (PCdoB) e gravou um vídeo de apoio para o candidato do PCdoB em São Luiz, Rubens Júnior. PT e PCdoB também estão juntos em outras cidades como Rio de Janeiro, com Benedita Silva (PT) como candidata, e Porto Alegre (RS), com Manuela D’Ávila (PCdoB) como candidata.
Durante a convenção que oficializou a candidatura de Bruno Covas à reeleição na prefeitura de São Paulo, Doria não escondeu o desejo de ter uma aliança nacional com DEM e MDB. De acordo com ele, o grupo seria um “centro democrático e liberal” que “sabe dialogar com a esquerda e a direita”.
O MDB está na chapa de Covas, com o vereador Ricardo Nunes (MDB) como candidato a vice-prefeito. O DEM também apoia Covas e tem entre seus filiados o vice de Doria no governo paulista, Rodrigo Garcia.
“Um passo de cada vez. Após as eleições deste ano teremos uma indicação mais clara da força dessa união, que, no plano nacional, integra PSDB, MDB e DEM”, afirmou Doria.
O presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, nega que a eleição municipal representa obrigatoriamente uma aliança nos próximos anos. “Em cada cidade tem uma composição diferente. O MDB é plural. Não há compromisso com 22”, disse o líder emedebista ao Congresso em Foco.
No Rio de Janeiro, o PSDB abriu mão da candidatura de Paulo Marinho para apoiar Eduardo Paes, do DEM. Já o MDB lançou candidato próprio, Paulo Messina, na capital fluminense.
Ciro Gomes, que já concorreu três vezes, postula uma quarta candidatura e o apoio do PSB. O partido de Ciro, PDT, e o PSB estão juntos em várias capitais como Recife (PE), Fortaleza (CE), São Paulo (SP), Goiânia (GO) e Maceió (AL).
Em Salvador (BA), o PDT indicou Ana Paula Matos como a candidata a vice de Bruno Reis (DEM), apoiado pelo atual prefeito ACM Neto, que preside o DEM nacionalmente.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, disse ao Congresso em Foco que o foco neste ano é o pleito local, mas não descarta a união nas eleições presidenciais com PSB e DEM. “Estamos tratando das eleições municipais, poderemos evoluir para isso”.
Durante a convenção que oficializou o apoio do PDT ao candidato do DEM em Salvador, o prefeito ACM Neto também comentou sobre a possibilidade. “Salvador não é qualquer cidade, é a principal cidade do Nordeste, e em qualquer circunstância tem peso político muito grande”, afirmou. “O fato de os dois partidos estarem unidos pode significar algo para o futuro? Claro que sim. Se não fizesse sentido, não estaríamos juntos agora”.
Ciro também participou da convenção na capital baiana e fez elogios ao DEM. Em 2005, quando era ministro da Integração Nacional de Lula e ACM Neto era deputado de oposição ao governo, Ciro fez várias críticas ao hoje prefeito e o chamou de “tampinha” e “anão moral”.
“Precisamos construir um projeto alternativo a essa quadra de desmantelo, entreguismo, destruição das nossas riquezas. Tudo isso exige que os homens públicos deixam um pouco as suas diferenças de lado para construir uma saída alternativa, dizendo como vamos salvar a economia brasileira”, declarou Ciro na semana passada durante a convenção do PDT em Salvador.
Embora estejam aliados na cidade do presidente nacional do DEM e em outras capitais, como Fortaleza, PDT e DEM são adversários em São Paulo e Rio de Janeiro, os dois maiores colégios eleitorais do país. No Rio, Eduardo Paes (DEM) buscou o apoio do PDT, mas a sigla decidiu lançar Martha Rocha (PDT). Em São Paulo, o PDT apoia Márcio França (PSB) e o DEM, Bruno Covas.
Em 2018, Ciro também buscou o apoio do DEM e do PSB, mas o partido presidido por ACM Neto decidiu se aliar a Geraldo Alckmin (PSDB). Já o PSB decidiu pela neutralidade após um acordo com o PT em Pernambuco e Minas Gerais.
fonte:https://congressoemfoco.uol.com.br/eleicoes