Quatro vereadores de BH foram barrados por prefeito na inauguração do Hospital do Barreiro

Quatro vereadores de BH foram barrados por prefeito na inauguração do Hospital do Barreiro

Belo Horizonte/MG – Uma cena constrangedora tomou conta dos bastidores da inauguração do Hospital do Barreiro, realizada na última quinta-feira. Com protagonismo do prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PHS), quatro vereadores “foram barrados” ao tentarem entrar na área reservada aos próprios parlamentares pelo cerimonial. Segundo testemunhas, Áurea Carolina (PSOL), Pedro Patrus (PT), Doorgal Andrada (PSD) e Hélio da Farmácia (PHS) não conseguiram entrar para acompanhar o evento – que foi amplamente explorado por seus colegas em divulgação de ações parlamentares.

A falta de diálogo da PBH com os vereadores de esquerda estaria ocorrendo por conta da posição mais incisiva contra o Executivo que eles têm adotado na Câmara Municipal. Críticas a posições do prefeito nos microfones da Casa, cobrança por discussões mais amplas sobre projetos e ações de autoria da prefeitura e, até mesmo, um “Fora Kalil”, ensaiado pelo PSOL, seriam, conforme fontes, motivo para essa falta de relação entre os parlamentares e o chefe da administração municipal.

Já a retaliação contra os vereadores Doorgal Andrada (PSD) e Hélio da Farmácia (PHS) começou após os dois se posicionarem, em outubro, contra uma determinação da prefeitura durante a votação do projeto que concedia 2,53% de reajuste aos servidores municipais. A ordem da administração era de votar a favor da emenda que previa mudanças no Estatuto do Servidor, atingindo benefícios como quinquênio, férias-prêmio e licença para acompanhar parentes em tratamento de saúde. Mas, mesmo com os desfalques, a base aprovou as mudanças.

Durante todo ano, Doorgal, que tem a intenção de ser candidato ao cargo de deputado estadual nas eleições de 2018, publicou fotos em seus perfis nas redes sociais divulgando ações, como reuniões e visitas técnicas, sobre o Hospital do Barreiro. Mas a situação ficou ainda mais constrangedora para Hélio da Farmácia – que é do mesmo partido de Kalil, por conta de sua base eleitoral ser na região.

Logo após a votação polêmica, visitas técnicas e reuniões agendadas com antecedência pela prefeitura com os vereadores “infiéis” foram canceladas. Segundo fontes, até mesmo um e-mail com a lista de políticos que não deveriam ser atendidos foi repassada para todos os secretários do Executivo.

Em outra frente, políticos reclamaram que a PBH não tem enviado representantes a reuniões e audiências públicas convocadas por vereadores “rebeldes”. Por isso, não posar ao lado do prefeito em uma ação importante, era uma consequência já esperada.

Na época em que as primeiras reuniões foram canceladas, um interlocutor da prefeitura garantiu que não estava ocorrendo uma “retaliação” aos “desobedientes”, e que a relação continuava republicana. A fonte ainda afirmou que quem faz parte da base e não se “omitiu em relação aos interesses da cidade” é que deve receber um atendimento mais direto dos secretários.

Por Lucas Ragazzi e Fransciny Alves

 

UVB - União dos Vereadores do Brasil