Câmara aprova, em segundo turno, texto principal da reforma política

Câmara aprova, em segundo turno, texto principal da reforma política

Deputados ainda analisarão sugestões de mudança na semana que vem.
Entre os pontos questionados estão financiamento e reeleição.

A Câmara dos Deputados aprovou, em segundo turno, na noite desta terça-feira (7) o texto principal da proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma política. O texto foi aprovado por um placar de 420 votos a favor, 30 contrários e uma uma abstenção.

Os parlamentares decidiram deixar para a próxima semana a análise de sugestões de mudança na proposta, que tratam justamente de algumas das questões mais polêmicas da reforma. A sessão desta quarta-feira (8) será dedicada à votação de um projeto de lei que inclui pontos que não alteram a Constituição, como a duração de campanha.

Entre os pontos questionados do texto e que deverão ser alvo de debate na próxima terça-feira estão financiamento de campanha, reeleição, duração do mandato e a “janela de infidelidade”, que é um prazo para o parlamentar se desfiliar do partido sem perder o mandato.

A PEC havia sido aprovada em primeiro turno no último dia 17. Por se tratar de uma mudança na Constituição, a proposta precisa passar por dois turnos na Câmara e, em seguida, por outras duas votações no Senado.

Financiamento
Pela texto, empresas podem fazer doação somente a partido político, mas não a candidato, que só poderá receber de pessoa física. O tema foi um dos que mais geraram discussões no plenário no primeiro turno. O financiamento privado foi aprovado um dia depois de emenda parecida, que previa doação privada para partidos e para campanhas de candidatos, ter sido rejeitada.

Deputados de seis partidos entraram com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a suspensão da tramitação da PEC da reforma política. O documento foi assinado por 61 parlamentares de PT, PPS, PC do B, PSOL, PSB e PROS. O argumento deles é que o plenário da Câmara votou duas vezes a possibilidade de doação às legendas, o que seria inconstitucional.

A votação desta terça durou pouco mais de meia hora. No microfone do plenário, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) fez críticas à aprovação do financiamento privado e acusou a votação no primeiro turno de ter sido conduzida de forma “ilegal e anticonstitucional”.

“Essa reforma, da forma como foi conduzida nesse primeiro turno, variou ou de questões cosméticas, que não mudaram a estrutura política estruturalmente do país, ou piorou gravemente”, criticou.

Segundo ele, uma das “pioras” foi a da constitucionalização da contribuição de pessoas jurídicas a partidos políticos. “Aliás, numa votação que foi conduzida, a meu ver, de forma ilegal, de forma anticonstitucional”, completou.

O deputado Sandro Alex (PPS-PR) informou que o partido apresentou uma sugestão para mudar a parte que trata do financiamento privado. “Essa será a oportunidade que o Parlamento tem neste segundo turno de corrigir esta votação do primeiro turno, e proibirmos a semente da corrupção que vem do financiamento empresarial”, disse.

Embora considere a reforma política “acanhada”, o deputado Arthur Virgílio Bisneto (PSDB-AM) disse ver “pontos positivos” no texto aprovado. “Qual era a proposta inicial? Aproximarmos o eleitor dos seus candidatos, darmos transparência às eleições, fazermos com que o pleito fosse mais justo. Nós pensávamos em uma reforma nessa direção. Infelizmente, não foi o que aconteceu. Porém, tem pontos positivos”, ponderou.

Fonte: O Globo

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