SÃO PAULO – Na entrada, uma taça de champanhe para cada convidado. No cardápio, uma variedade enorme de carnes, peixes e massas leves, como gosta o anfitrião. Próximo de votar seus projetos mais importantes na Câmara Municipal, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), promoveu neste sábado, 19, um banquete em sua casa que reuniu o primeiro escalão da Prefeitura e 37 vereadores da capital, quórum suficiente para aprovar qualquer lei no Legislativo paulistano. Houve fila para pegar a sobremesa.
“Foi sensacional. Caso vote algo nos próximos dias, Doria deve a Bia”, disse um dos vereadores que participaram do almoço na mansão do prefeito, no Jardim Europa, referindo-se à primeira-dama da capital, responsável por organizar o banquete. Dos 55 parlamentares, apenas 18 não compareceram, sendo que 11 são de oposição (PT e PSOL) e não foram convidados. A principal ausência notada foi do presidente da Câmara, Milton Leite (DEM). Importante aliado de Doria, ele já havia marcado uma viagem.
A lista de presentes incluiu a maioria dos vereadores do “Grupo dos 17”, bloco informal que surgiu em uma churrascaria e é formado por vereadores descontentes com Milton Leite e que queriam mais espaço na Prefeitura. No primeiro semestre, membros do G-17 obstruíram a tramitação de alguns projetos de interesse de Doria e chegaram a se reunir com o prefeito antes das votações.
No almoço, os parlamentares relataram que Doria pediu apoio para aprovar na Câmara os projetos do seu plano de desestatização. Nas próximas semanas, o prefeito tentará aprovar em segunda votação a
concessão do estádio do Pacaembu e o projeto que concede à iniciativa privada a gestão de uma série de equipamentos e serviços públicos, como o
bilhete único, parques, mercados e terminais de ônibus. Como esse projeto modifica a Lei de Zoneamento, vereadores dizem que será preciso reunir maioria qualificada, ou seja, 37 votos.Ainda neste ano, Doria pretende votar os projetos de concessão de cemitérios e serviço funerário, a criação do fundo imobiliário, que vai vender mais de mil imóveis da Prefeitura, e a privatização do Compelxo do Anhembi, que inclui o sambódromo. “Acho que esse almoço inaugura uma nova forma de relacionamento. O prefeito é um grande anfitrião”, disse um outro vereador, que criticou em junho o projeto de concessão enviado por Doria por ser genérico.
Com mais de 100 pessoas, o banquete também reuniu quase todo o primeiro escalão da Prefeitura, incluindo o vice-prefeito Bruno Covas (PSDB). Um dos ausentes foi o secretário do Verde e do Meio Ambiente, Gilberto Natalini (PV), que deixará o cargo na próxima terça-feira, 22, após atrito com o prefeito, que vai abrir espaço em seu governo para abrigar outros partidos, como PSB e PR.
Viagens. Doria aproveitou a presença dos subordinados e dos vereadores e fez um discurso rebatendo as críticas que tem sofrido por causa das viagens que tem feito pelo País e ao exterior. “Ontem [sexta-feira], por exemplo, viajei a Recife e Fortaleza, fiquei o dia fora. Sai muito cedo e voltei muito tarde. Quantas pessoas receberam telefonema, mensagens, e-mails e whatsapp aqui? Vários”, disse Doria em vídeo divulgado em sua página no Facebook.
“Tem wi-fi dentro do avisão. A 10 mil metros de altitude, falo com qualquer parte do mundo. Falo, faço imagem, faço tudo. Esse é o mundo moderno, bem-vindos ao mundo moderno. É diferente, é eficiente, é dinâmico. E é assim que nós vamos conduzir a nossa pauta, a nossa agenda e a nossa gestão, sem deixar de estar presente, evidentemente”, completou o prefeito.
Fonte: Estadão