Tempo menor vai favorecer candidatos mais conhecidos
— 18/12/2015Orion Teixeira
Sem recorrer à famosa frase do ex-embaixador Juracy Magalhães (em Washington, após o golpe de 64), segundo a qual “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, o debate da noite de terça-feira (13), exibido pela TV entre os pré-candidatos presidenciais do partido Democrata, em Las Vegas, confirmou o quanto o Brasil está atrasado no assunto.
Nele, cinco políticos, com destaque para o show da favorita e ex-secretária de Estado Hillary Clinton, disputavam quem será o candidato presidencial a um ano antes das eleições. Encontro semelhante já aconteceu com os presidenciáveis dos Republicanos. Atrás desses, virão muitos outros antes de os candidatos de ambos os lados se enfrentarem no duelo final. Tudo pela TV.
Aqui, ao contrário, a partir das eleições de 2016, após a minirreforma eleitoral, o tempo de campanha foi encurtado de 90 dias para 45 e, de 45 para 35 dias, na televisão. A medida foi adotada no rastro dos escândalos de financiamentos privados e de estatais (Petrobras) nas campanhas presidenciais e pelo lobby poderoso das emissoras de TV, à frente a Rede Globo. Sob o argumento de barateá-las, todo mundo quer se livrar das campanhas, reduzindo o horário gratuito de TV e rádio e os debates.
Resultado, aqueles candidatos mais conhecidos, com bom ‘recall’ (lembrança do nome e marca) terão mais chances de vencer a eleição. Enfim, quem mais irá perder é o eleitor que terá menos tempo e chances de conhecer melhor os vários candidatos, suas ideias e propostas. Vai se votar sob a influência de cabos eleitorais e dos nomes mais conhecidos. Quando vota mal, e até diz que não se lembra em quem votou, o eleitor é apontado como irresponsável, mas lhe tiram os meios possíveis de conhecer melhor os pretendentes e projetos.
Sob essas novas regras, candidatos como Fernando Pimentel (PT) em 2004, Márcio Lacerda (PSB), em 2008, e Antonio Anastasia (PSDB), em 2010, não teriam chances. Foi a própria campanha eleitoral da época que os fizeram reverter a flagrante desvantagem. Agora, aqueles que estarão na frente das pesquisas vão torcer para que a disputa acabe logo e fugir dos debates. Expor-se será perder votos.
Por conta de custos e medo, todos se recusam a pactuar com as tevês um debate entre todos os candidatos, mas ninguém fala nada quando se gasta milhões com capítulos de novelas, ainda que sob o patrocínio da Caixa Econômica, Petrobras, entre outros.
Ficou bem só na foto
Após o feriadão, o governo mineiro volta a analisar a apertada vitória que teve no projeto de aumento de impostos. Assunto espinhoso provocou traição na base governista. Ainda causa muito tititi, na Assembleia, a viagem feita à Itália, na semana da votação, pelo líder do bloco ‘Compromisso com Minas’, Agostinho Patrus (PV). Deixou em seu lugar, Glycon Franco (PTN), que, como outros cinco deputados, resolveu ficar escondido nas comissões, dando quórum ao plenário, mas sem votar sim ou não ao aumento da energia elétrica para o comércio.
Agostinho chegou a tempo de aparecer, e bem, na foto que o governador fez no Palácio, com os aliados para agradecer pelo apoio. Tiago Ulisses (PV) fez melhor; foi para a Itália, após a votação, a convite de Fernando Pimentel em recompensa à sua lealdade.