Investimentos da Petrobras caem mais de 20% em 2015

Investimentos da Petrobras caem mais de 20% em 2015

Os investimentos do grupo Petrobras diminuíram significativamente neste ano. Ao todo, a gigante estatal do petróleo aplicou cerca de R$ 16 bilhões a menos em 2015.

Os investimentos englobam 20 empresas do setor do petróleo, derivados e gás natural. Os trabalhos vão desde a pesquisa, extração, refino, transporte até distribuição de derivados para o consumidor final. Nos dez primeiros meses do ano, a companhia investiu R$ 55,4 bilhões em obras e na compra de equipamentos. No mesmo período de 2014, o montante já havia alcançado R$ 71,3 bilhões. Isto é, em termos percentuais, a redução alcançou mais de 20%.

As informações levantadas são fornecidas pela própria Petrobras ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Os dados foram atualizados pelo IPCA do período. Ao todo, a Petrobras possui R$ 83 bilhões para investimentos neste ano, menor dotação dos últimos sete anos. De acordo com a Petrobras, a redução reflete os ajustes na carteira de investimentos da companhia, aprovados no Plano de Negócios e Gestão 2015-2019.

Em outubro, a empresa realizou um novo corte de investimentos. A Petrobras anunciou que iria reduzir em US$ 11 bilhões a previsão de investimentos para 2015 e 2016, e em US$ 7 bilhões os gastos operacionais previstos para o período. As medidas foram necessárias devido “aos novos patamares do preço do petróleo e da taxa de câmbio”. Além disso, a petroleira afirmou que as mudanças visam “preservar seus objetivos fundamentais de desalavancagem (redução do endividamento) e geração de valor para os acionistas”.

Os investimentos no segmento de Exploração e Produção no Brasil concentraram 80% do corte previsto, com destaque para os projetos de aumento da capacidade produtiva. Nas demais áreas de negócios, os investimentos foram destinados, basicamente, à manutenção das operações existentes. Dessa forma, entre os programas, o mais prejudicado em 2015 foi o Combustíveis, que tem como um dos objetivos a implantação das refinarias. A rubrica recebeu 53,6% a menos de investimentos do que ano passado.

Os valores passaram de R$ 16 bilhões em 2014 para R$ 7,4 bilhões neste ano. Já o programa “Petróleo e Gás” manteve o patamar de cerca de R$ 46 bilhões em investimentos no primeiro semestre. Os números mostram que a empresa parou de aplicar grande volume de recursos na parte de refino e na exploração e produção ao mesmo tempo. A estratégia da estatal, que rendeu grandes investimentos até o ano passado, era enfrentar as duas “frentes de batalha” ao mesmo tempo. Historicamente, esses setores se alternaram em volume de recursos.

Para Reginaldo Gonçalves, coordenador do curso de Ciências Contabéis da Faculdade Santa Marcelina (FASM), a situação da Petrobras está cada vez mais complexa. “A operação Lava Jato identifica a cada momento uma nova situação de desvio de recursos, fazendo com que os investidores desconfiem que novos problemas poderão surgir – o que vai desvalorizar ainda mais os ativos”.

De acordo com o especialista, a pressão no caixa da empresa, provocado pelo crescimento do endividamento e o seu encarecimento em novas captações, está dificultando ainda mais os novos investimentos a serem efetuados para manter a perspectiva de faturamento e a manutenção da exploração dos campos existentes. “Em virtude do desestímulo aos investimentos em novos campos e a gestão de negócios somente em sua área de competência, algumas alternativas foram disponibilizadas para que houvesse a redução do empréstimo.

Um exemplo é a venda de ativos: investimentos na BR Distribuidora, Termelétrica, parte da TAG (transportadora de gás), campos de petróleo no exterior, entre outros”, explicou. Para ele, no entanto, o avanço é pequeno, já que existe uma preocupação significativa com relação ao negócio e as implicações futuras, como aconteceu com a Lava Jato. “Essa situação está dificultando os negócios e a crise internacional desestimula o interesse de investidores, fazendo com que o preço seja inferior ao valor do negócio”, conclui.

Fonte: Site “Contas Abertas”

UVB - União dos Vereadores do Brasil