57% dos brasileiros alteram hábitos de consumo ou planejamento financeiro em função da crise

57% dos brasileiros alteram hábitos de consumo ou planejamento financeiro em função da crise

Pesquisa do IBOPE Inteligência para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que as turbulências econômicas estão afetando a vida da população brasileira. Para 86% dos entrevistados, o Brasil está vivendo uma crise econômica e 66% consideram a situação ruim ou péssima. Sentindo no bolso as consequências, já que 59% dizem ter perdido poder de compra nos últimos 12 meses, as pessoas estão fazendo ajustes em suas vidas. O estudo mostra que 16% mudaram de residência para reduzir custos e 13% trocaram os filhos de escola privada para escola pública nos últimos 12 meses.

Segundo a pesquisa, mais brasileiros estão ajustando seus comportamentos do que na crise de 2008/2009. Mais da metade (57%) alterou hábitos de consumo ou planejamento financeiro. E outros 21% pretendem alterar. Na crise anterior, o maior percentual dos que ajustaram seus hábitos foi de 30% e no máximo 27% pretendiam alterar.

Mercado de trabalho – 76% dos brasileiros estão preocupados ou muito preocupados em ficar sem emprego ou ter que fechar o negócio nos próximos 12 meses e 44% dizem que alguém da família ficou desempregado nos últimos 12 meses. Quanto menor a renda, maior o medo. Entre os que possuem renda familiar de até um salário mínimo, 67% estão muito preocupados. No outro extremo, entre os que possuem renda acima de cinco salários mínimos, o percentual cai para 54%.
​Quase metade da população (48%) buscou trabalho extra no último ano. Em setembro de 2013, o percentual era menor, de 25%. Os que possuem salários menores também são os que mais recorrem a um segundo trabalho para complementar a renda. Os dados mostram que 58% dos que ganham até um salário mínimo buscaram trabalho extra, contra 36% dos que têm renda acima de cinco salários mínimos.
Em 40% das famílias, pessoas que não trabalhavam tiveram que entrar no mercado de trabalho para colaborar com as contas da casa. E 24% das pessoas voltaram a estudar com medo de ficar desempregadas. O volume é maior entre os que possuem ensino superior (30%). Na outra ponta, 15% dos que estudaram até a quarta série do ensino fundamental voltaram a estudar.
Renda e endividamento – Seis em cada dez brasileiros dizem ter perdido poder de compra nos últimos 12 meses. Os moradores das regiões Sudeste e Sul foram os que mais sentiram: 65% nos dois casos. Em seguida, aparecem as regiões Norte e Centro-Oeste (56%) e Nordeste (51%). E 83% se preocupam com a possibilidade de perder o padrão de vida que têm hoje.
Mais da metade dos entrevistados (53%) se endividou sem planejamento. Segundo a pesquisa, 37% dizem que se endividaram para pagar despesas pessoais e 48% consideram difícil ou muito difícil pagar seus empréstimos e financiamentos com sua renda atual. Do total, 60% dizem ter passado por dificuldade para pagar as contas ou compras a crédito.
A dificuldade para pagar aluguel ou prestação da casa própria passou de 19%, em 2012, para 29%, em 2015. Um em cada cinco venderam bens para pagar dívidas.
 
​ Inflação e consumo – As mulheres alteraram mais seus hábitos de consumo do que os homens. Enquanto 61% delas dizem ter mudado a rotina, 53% deles fizeram o mesmo. Elas estão poupando mais do que eles. Com medo das dificuldades futuras, 78% das mulheres garantem que estão economizando mais, contra 72% dos homens.
O estudo aponta ainda que 90% das pessoas passaram a pesquisar mais os preços antes das compras, 77% mudaram os locais de consumo, 74% reduziram as despesas da casa porque o dinheiro estava mais curto, 72% trocaram produtos por similares mais baratos e 63% adiaram a compra de produtos de bens de maior valor.
Sobre a pesquisa
A pesquisa foi realizada entre os dias 18 e 21 de junho de 2015, com 2.002 pessoas de 16 anos ou mais. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
UVB - União dos Vereadores do Brasil