Entre 2017 e 2018, 23 vereadores e prefeitos foram mortos, diz entidade

Entre 2017 e 2018, 23 vereadores e prefeitos foram mortos, diz entidade

A morte de Marielle Franco entrou para uma lista longa de crimes políticos registrados no Brasil nos últimos anos.

No gabinete vazio de Marielle Franco, a dor do silêncio. Tudo está ainda como a vereadora deixou. Sem a voz de comando, as assessoras da vereadora falam da falta que Marielle faz.

“Era o oposto disso aqui. Frio, vazio. Era sempre cheio. Às vezes a gente reclamava uma da outra que às vezes não dava para concentrar”, lembrou Iara Amora.

“Quando mataram ela, mataram um pedaço de todos esses movimentos. Um pedaço da esquerda, um pedaço de tudo o que ela representava, não só as pessoas que vinham nesse gabinete, que se sentiram tristes e se sentiram atingidas”, contou Ana Marcela Terra.

Na manhã desta terça-feira (20), as balas calaram mais um político.

Num carro metralhado estava o suplente de vereador do município de Magé, na Baixada Fluminense, Paulo Henrique Dourado Teixeira, do PTB. Paulo Henrique levou tiros na cabeça e morreu na hora.

A morte do suplente Paulo Henrique Dourado Teixeira está sendo investigada pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense. Uma das linhas de investigação é crime com motivação política. O ataque acontece sete dias após os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Pode ser mais um caso numa sucessão de execuções de candidatos e políticos eleitos em todo o Brasil.

A Baixada Fluminense tem um dos índices mais altos de atentados contra políticos. Crimes que repercutiram.

Em agosto de 2016, já tinham sido registrados 20 homicídios de candidatos a cargos eletivos no Brasil, 11 foram na Baixada Fluminense. Em setembro, esse número já tinha subido em todo o país.

Segundo o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Gilmar Mendes, a maioria dos casos tinha motivação política.
Em 2017, mais violência contra parlamentares e candidatos em muitos estados.

O número de vereadores e de prefeitos mortos entre 2017 e 2018, já chega a 23. Os dados oficiais são da União de Vereadores do Brasil.
“Se nós olharmos a história dessas pessoas, a maioria desses homens e mulheres que morreram no exercício do mandato, nós vamos ver que o perfil deles são perfil de combativos, são pessoas que buscam fiscalizar, buscam denunciar, buscam chamar a atenção, se aproximar da sociedade”, disse Gilson Conzatti, presidente da União dos Vereadores do Brasil.

A afronta, o desrespeito e o atentado contra a democracia seguem perseguindo vítimas. A vereadora de Niterói Talíria Petrone Soares, do PSOL, denuncia que foi ameaçada no exercício da função.

O boletim de ocorrência registrado na polícia mostra ameaças por telefone e calúnias sofridas por Talíria.

“Se o recado era que para a gente silenciar, pra gente dar um passo para trás, isso não ocorrerá. A gente vai seguir, agora também pela Marielle, pelo sangue da sua execução política, seguir com radicalidade indo na raiz das pautas que ela defendia”, disse Talíria.

“Quando se fere, quando se mata um agente político, um membro de um poder tanto Executivo quanto Legislativo está se matando um pouquinho da nossa democracia”, afirmou Gilson Conzatti.

Fonte: Jornal Nacional – Edição do dia 20/03/2018

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/03/entre-2017-e-2018-23-vereadores-e-prefeitos-fora-mortos-diz-entidade.html

Nota da UVB: Na manhã do dia 22/03, o vereador José Célio – Mizé, de Palmeirina/PE, foi morto em frente da sua residência.

 

 

UVB - União dos Vereadores do Brasil